sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

PH, " O AMBIENTALISTA"

Por Ilda de Freitas

DEPOIS DE ENROLAR O FÓRUM DE ENTIDADES DO LITORAL SUL DURANTE MESES COM OS ESTUDOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA EM REUNIÕES ONDE O PROMETIDO DEBATE/DIÁLOGO NUNCA ACONTECEU;
APÓS AS AFIRMAÇÕES DA SRA. SUELY PASSONI QUE FICARÍAMOS DECEPCIONADOS NA REUNIÃO DO FÓRUM DE UBÚ QUE SERIA HOJE, DIA 12, PORQUE OS ESTUDOS AINDA NÃO ESTAVAM FINALIZADOS;
APÓS A REVIRAVOLTA, APENAS ALGUNS DIAS DEPOIS, COM AS DECLARAÇÕES DO GOVERNO, QUE AFIRMAVA QUE OS ESTUDOS ESTAVAM NÃO APENAS PRONTOS MAS QUE INDICAVAM A INVIAVILIDADE AMBIENTAL PARA VINDA DA BAOSTEEL PARA ANCHIETA;
APÓS MUDAREM, BASEADOS NISSO, A PAUTA DA REUNIÃO DO FÓRUM DE UBÚ QUE SERIA ENTÃO EXCLUSIVAMENTE FOCADA NA APRESENTAÇÃO DESSES ESTUDOS......
E APÓS, TODA UMA SÉRIE DE INFORMAÇÕES COLHIDAS NA MÍDIA QUE SUGERIAM QUE A BAOSTEEL NÃO ESTAVA DESCARTADA PORQUE A EMPRESA, DEFENDIDA POR MUITOS EMPRESÁRIOS E REPRESENTANTES DOS TRÊS PODERES HAVIA GASTO DINHEIRO DEMAIS POR AQUI E NÃO ACEITAVA RECOMEÇAR OS ESTUDOS NOUTRO LUGAR;
APÓS O ENCONTRO DE PAULO HARTUNG COM OS DIRIGENTES DA EMPRESA;
APÓS MAIS UM ENCONTRO DO GOVERNADOR, DESSA VEZ COM O CHEFE DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DR. ZARDINI;
APÓS, CERTAMENTE, MUITAS REUNIÕES ENVOLVENDO INTERESSADOS E AUTORIDADES;
APÓS TUDO ISSO, O DR. MARCO ANTÔNIO, COORDENADOR DO FÓRUM DE UBÚ FOI “CONVOCADO” PARA UMA REUNIÃO COM SEUS SUPERIORES EXATAMENTE NO DIA E NA HORA ONDE ACONTECERIA O FÓRUM DE UBÚ, O QUE SE TORNOU O MOTIVO DO CANCELAMENTO DA REUNIÃO.
FELIZ COINCIDÊNCIA PARA O IEMA E PARA A ADERES QUE ASSIM, SE “FOR NECESSÁRIO“, CLARO, GANHARÃO TEMPO PARA BOLAR UMA NOVA ADAPTAÇÃO DO RESULTADO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS, SEMPRE EM HARMONIA COM AS ÚLTIMAS DECISÕES POLÍTICAS, QUE SÃO NA VERDADE DETERMINADAS PELOS INTERESSES DOS GRUPOS ECONÔMICOS DOMINANTES. ISSO SIM É QUE PODE SER CHAMADO DE “AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA” TÃO ESTRATÉGICA QUE É FLEXÍVEL, MOLDÁVEL, ADAPTÁVEL. PETROBRÁS OU BAOSTEEL? ISSO NÃO SABEMOS E NOSSA ÚNICA CERTEZA É QUE, SEJA QUAL FOR A DECISÃO DO GOVERNO ELA SERÁ APRESENTADA COMO SENDO UMA DECISÃO BASEADA "APENAS" NOS ESTUDOS AMBIENTAIS!!!!!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Bico calado Entidades!!!!!!

Por Ilda de Freitas

O Fórum de entidades da Sociedade Civil Organizada do Litoral Sul do ES se reuniu ontem em sessão extraordinária para discutir a recente desistência do governo capixaba em trazer a siderúrgica chinesa Baosteel para Anchieta e nos prepararmos para a reunião do Fórum de Ubú, dia 12 próximo.
Por pressão do Fórum de Entidades, o Fórum de Ubú foi criado e é coordenado pelo MP da micro-região sul com o objetivo de se tornar o espaço de discussão das questões relativas ao pólo industrial de Anchieta. Sua criação gerou grandes expectativas e esperávamos que o desejado diálogo com as autoridades tivesse início mas até hoje isso não aconteceu. As apresentações da Avaliação Estratégica do Pólo tem ocupado a maior parte do tempo e já houve até reuniões onde as respostas pelas autoridades às questões colocadas pelas entidades foram sutilmente desviadas para se tornarem uma clara apologia à Baosteel. O Fórum de Ubú foi também utilizado para que o Iema formalizasse os convites a alguns líderes e autoridades para conhecerem a empresa, na China. Como se o fato disso acontecer em espaço legalmente e democraticamente constituído pudesse afastar, de forma categórica, qualquer suspeita de tentativa de cooptação.
Assim, o tempo foi passando e o tal de diálogo nunca aconteceu. O que as autoridades ainda insistem em chamar de diálogo é um cansativo monólogo do poder salpicado de pedacinhos de papel onde os membros do Fórum de Entidades têm o direito de "perguntar" alguma coisa, não o de se manifestar. A pauta da reunião do dia 12 não deixa dúvidas: todo mundo de bico calado! Existe até uma outra proposta do Iema para prorrogar o bico calado na reunião seguinte!
A reunião de ontem do Fórum de Entidades da Sociedade Civil Organizada mostrou claramente que seus membros se cansaram de apenas escutar e não foi fácil chegarmos ao consenso que ainda dessa vez aceitaremos o monólogo das autoridades, previsto para o dia 12. Isso porque nos interessa saber os detalhes da reviravolta do governo e o que se pretende fazer daqui pra frente. Poucos dias antes fomos informados pela Sra. Suely Passoni que os estudos não estavam prontos e que não deveríamos ter muitas expectativas para o dia 12. Depois, a reviravolta. De repente, eles estavam prontos, a decisão tomada e até mesmo a viabilidade da quarta usina da Samarco começava a ser questionada.
Então amigos, vamos escutar mais uma vez, talvez valha a pena. Nem que seja para nos preparamos melhor para os próximos passos.

Precisamos de um Novo Paradigma

Por Carlos Humberto de Oliveira

Nas nossas caminhadas por todo esse estado do Espírito Santo, acompanhando e participando, com projetos, da discussão de vários temas: combate ao risco social de crianças e adolescentes em Fundão e em Cachoeiro de Itapemirim; Desenvolvimento Local da Comunidade Indígena Tupiniquim da Aldeia Pau Brasil em Aracruz; Desenvolvimento do Território da Cidadania Norte (17 municípios); Direitos Humanos e Cidadania de Comunidades Quilombolas no Sul (12 municípios); Qualificação social e profissional de jovens em 28 municípios; Toda a rede do Ciranda Capixaba-Petrobras, de Conceição da Barra a Presidente Kennedy; A luta contra a Instalação da Baosteel através do Fórum Litoral Sul (Guarapari à Presidente Kennedy); Fazer parte do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, do CBH do Rio Santa maria da Vitória, etc., temos estado assustados com uma realidade que muitos desconhecem. Cito todo esse currículo, não por vaidade, mas para deixar bem claro que as preocupações que vou compartilhar estão fundamentadas em fatos e situações vividas. Portanto, não é “conversa fiada”!! Tanto que me coloco à disposição para apresentar as devidas provas.

Algumas dessas preocupações estão relacionadas com a postura passiva de uma maioria de organizações sociais e “ambientalistas” que estão trabalhando e olhando para si mesmas, sem demonstrar qualquer empatia ou simpatia com relação à situações políticas e econômicas que têm afetado outros seguimentos, organizações e pessoas à sua volta. Nos parece que há um “profissionalismo” exarcebado que simplesmente ignora a possibilidade de uma postura mais crítica em defesa, não de si mesmo ou de seu trabalho, mas dos outros, do próximo. A famosa frase” cada um por si, Deus por todos está sendo uma grande realidade.

Não consigo aceitar ser um cidadão ou um militante na área social, ambiental, educacional ou cultural que não provoque mudanças no sistema, que não seja um agente provocativo da reflexão em função do todo, da coletividade. A desculpa de que “estou fazendo a minha parte” já não cabe nesse momento da história, quando todos estão precisando de todos (veja o caso de Santa Catarina por exemplo). A preocupação de se fazer um discurso que não seja politicamente incorreto, para não ser visto de maneira negativa ou correr riscos de perder alguns benefícios estatais e privados, tem sido a postura de um grande número de pessoas. Isso só prejudica a coletividade, a população em geral. Temos conhecido, de perto, bem perto, de trabalhos e projetos e participações em colegiados, de pessoas e organizações que não estão ali por uma ideologia, mas por conta de seus próprios e egoístas interesses e para isso usam o tráfico de influência como mecanismo estratégico.

Esses dias mesmo recebemos um convite do MMA para participar de um evento de lançamento de projeto para plantio de mudas, tendo como um dos patrocinadores, a Vale. Ora, ora, plantio de mudas? A Vale deve muito mais a esse país e em especial ao Espírito Santo. Agora vai eu lá bater palmas para a Vale por causa do plantio de mudas. Brincadeira!! É isso que estou tentando dizer: precisamos ser mais autônomos nas nossas relações com o poder público e privado, não usando de possível função pública ou privada, para nos darmos bem, mas para o bem de todos, da coletividade.

A experiência no Fórum Litoral Sul, que ajudamos a organizar com mais dois companheiros, a Ilda e o Bruno, tem sido uma escola para nós. Primeiramente pelo tipo de pessoas que eles são, seríssimas e comprometidas com o interesse coletivo a ponto sofrerem vários tipos de represálias. Precisamos de mais gente assim!! Segundo pela forma como o Fórum tem sido conduzido, de maneira franca, aberta e transparente. Enquanto outros Fóruns só existem no papel, esse tem se fortalecido, especialmente agora com a vitória na primeira batalha contra a Baosteel. Essa luta que serviu de um divisor de águas naquilo que enxergávamos no terceiro setor, governo e empresas. Dentro do terceiro setor, recebemos pouquíssimos apoios expressos. Mas ouvimos muitos nos chamarem de loucos, que estávamos perdendo nosso tempo, outros não falavam nada, a maioria “ambientalistas”, pois davam como perdida a luta já que o “Grande Imperador” já tinha decidido em favor da Baosteel.

Temos consciência que ao enviar este texto, estamos nos expondo e correndo riscos, pois muitos poderão não entender ou não concordar, mas preferimos que os nossos amigos, colegas, simpatizantes e não simpatizantes do nosso trabalho, saiba quem somos e o que realmente pensamos, pois não conseguimos nos omitir diante desse quadro que ora apresentamos.

Grato pela atenção!!